Atitude Interior do Terapeuta Holístico
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Seja ela interior ou exterior, a atitude do terapeuta tem um papel de grande importância na execução de qualquer tratamento. É fácil entender que tratamentos voltados para os corpos sutis exigem de quem os dispensa o alinhamento de seus atos, pensamentos e palavras, a fim de que, como sucede com um vaso de cristal, as energias que o atravessam não sejam limitadas e até mesmo obstruídas por pensamentos pessoais que só fariam retardar a passagem da luz.
A qualidade do tratamento dispensado dependerá da nossa qualidade de doação e recepção, na verdade, muitos seres procuram equalisar as energias no momento da nossa ação, pois ninguém pode atuar como terapeuta se não tentar trabalhar a si mesmo e superar os próprios preconceitos.
Isso não significa, de modo algum, que é preciso ser perfeito para poder dispensar esse tipo de tratamento. Seria muita pretensão tentar resolver todos os “problemas”, nossos ou de quem procura a terapia, mas é certo que de vida em vida, um dos nossos principais objetivos foi sempre o de conseguir que nossos diferentes corpos físicos e sutis estivessem suficientemente sintonizados para servirem de canal às energias de luz que sempre presidem em qualquer tratamento.
Todos os mestres, em qualquer época, faziam e fazem uma grande diferença entre as práticas mágicas e os procedimentos ancorados em energias maiores, com respaldo da ciência do momento que na verdade é a ciência eterna.
Os “milagres” realizados por estes podem até parecerem idênticos, mas nos planos sutis a diferença é imensa, pois a compreensão da Vida e o conhecimento estabelece a qualidade na resposta do tratamento.
“Existem duas maneiras de realizar os fatos a que nos propomos estudar terapeuticamente”…
Para a maioria dos seres, entretanto, a diferença é nula (mágica x terapia holística), pois, sua percepção física não captam os efeitos sutis…
Os mágicos projetam os raios de sua alma até o objeto de sua avidez, fazem-no sofrer uma transformação e trazem-no para o lugar onde se encontram… A ciência espiritual, porém, segue outra via de freqüência que diz:
Aquele que transmuta sem intenção de impor ou controlar e cria situações de saúde fazendo-o por amor consegue não a mágica temporária, mas a melhoria do físico e sutil em um único plano ou talvez até mesmo a cura, se for essa também intenção do TODO!
Ao contrário
“A tentativa do controle nos resultados terapêuticos com objetivos de vaidade vos destruirá se não estiverdes atentos”
Esse entendimento sincero vos força a tomar consciência do trabalho terapêutico.
As leis do Sem Nome são inversas às que vós estabelecestes sobre a Terra, meus Irmãos; aquele que colhe sem nada distribuir não pode senão empobrecer-se inexoravelmente… Assim, eu não vos proponho o poder, mas a compreensão.
“Compreender é libertar-se “
Não sejamos mágicos-terapeutas, mas orientadores da compreensão.
O Desejo
Frequentemente, e de forma sutil, infiltra-se em nós o desejo de aplicar um tratamento, e está aí muitas vezes a pedra de tropeço em nosso caminho.
Todos nós desejamos que a pessoa que nos procura se cure e, mais ainda, que “nós” possamos curá-la, proporcionando o alívio que ela veio buscar junto de “nós”. Isso parece uma lógica absolutamente inevitável.
Entretanto…
“Um ser que sofre não sofre por acaso”
Através da provação por que passa, ele aprende e cresce, pois as provações são, frequentemente, “presentes” que damos a nós mesmos, para irmos mais longe em nós e para além de nós. O sofrimento não é uma fatalidade e certos mundos não o conhecem mais. Um acidente ou uma doença são sinais para nos fazer entender que uma parte de nós está em desacordo com a outra. São encontros impostos pela nossa vida supra consciente que se tornarão trampolins assim que os tenhamos compreendido e resolvido.
Pode acontecer, é claro, que um grande sofrimento faça com que nos fechemos como um tatu-bola sobre nós mesmos e torne mais lento o nosso caminhar. Conheço perfeitamente isso, por experiência própria, mas sei também que há sempre uma “luz no fim do túnel”, mesmo que este pareça terrivelmente escuro no momento em que o atravessamos. Não quero dizer com isso que o terapeuta não possa fazer nada.
Pelo contrário, ele pode nos levar a considerar o nó do “problema” que nos coube de uma perspectiva mais elevada; pode igualmente trazer os tijolos e o cimento que nos permitia a reconstrução; mas ele não poderá jamais construir no nosso lugar, percorrer o nosso caminho, porque isso somente nós podemos fazer.
Para o terapeuta, o desejo de curar frequentemente está ligado ao fato de querer ser indispensável.
Saber que sem nós uma pessoa não pode sair da situação em que se encontra, ou que nós possamos tirá-la dessa situação, é uma questão de orgulho. Queremos ser, nesta terra, indispensáveis, úteis, ou seja, valorizados, e se achamos que não temos capacidade para tal, preferimos tornar-nos marginais, no sentido relativo do termo, que para mim significa, neste caso, ser contra a sociedade, porque não encontramos nela o nosso lugar.
Importante defender uma outra forma de marginalidade, principalmente interior, e que nos deixa a possibilidade de dizer “sim” ou “não” por genuína escolha.
Pelo “desejo” nós existimos, mas não “somos”. Sejamos nós mesmos no mais profundo do nosso ser, e estejamos bem certos de que ninguém cura ninguém. Essa afirmação pode parecer a você ousada ou fora de lugar, mas vidas e vidas passadas tratando das pessoas permitiram-me compreender isso tudo profundamente. Podemos aliviar, ajudar, trazer elementos que contribuem para a cura, mas a cura propriamente dita, a Vida e a Morte não dependem de nós.
Certos doentes não querem se curar; desejam-no, é claro, superficialmente, mas a doença apresenta-se a eles como uma proteção e, embora ilusória, parece dar sentido à existência. Outros não vêem como sair do “impasse”, que nunca existe de fato, e no mais profundo de si mesmos, muitas vezes inconscientemente, preferem morrer. São numerosos também os que partem curados para outros mundos, pois o nó que existia neles dissolveu-se afinal. Não temos dados suficientes para saber o que é bom ou justo neste ou naquele caso e, se desejarmos dar o melhor de nós mesmos a quem pede a nossa ajuda, isso nos levará a uma grande humildade. A luz que passa através de nós no momento dos tratamentos, a qualidade do amor que vamos poder dar, esse é o nosso “trabalho”.
O “desejo” toma muitas vezes a aparência de amor, que se confunde com emoção, que se confunde com afeição, que por sua vez retorna ao sentimento de amor. Evidentemente, pode haver diferentes formas de amor e algumas podem ser coloridas por outros sentimentos, mas o Amor com A maiúsculo não tem família nem fronteiras, nem obrigações nem coloração. Quem pratica o amor nem mesmo sabe que o pratica porque está mergulhado nele; ele é Amor, é incondicional. Isso é exigido de nós terapeutas como princípio fundamental.
O Julgamento
Esse amor total não pode admitir julgamento. Neste ponto, a fronteira também é sutil entre julgamento e opinião.
Emitir uma opinião, dar um parecer sobre alguma coisa ou sobre alguém é uma atitude neutra e está mais próximo de uma constatação.
Emitir um julgamento é implicar-se pessoalmente na opinião, tomar partido segundo a nossa experiência, sem nos colocarmos na pele do outro.
A neutralidade é uma qualidade indispensável, mas neutralidade não significará jamais indiferença ou frieza.
Nós trabalhamos o amor terapeuta e devemos fazer florescer a confiança e a paz nos seres sofredores que nos procuram.
Numa aldeia dos índios hurons, existe uma frase que podemos refletir muito:
“Grande Manitu, não me deixes criticar o meu vizinho por tempo muito prolongado, da mesma forma que eu não usaria seus mocassins durante uma lua inteira.”
Isso nos leva a uma outra qualidade que devemos desenvolver como terapeutas.
A Compaixão
É a chave indispensável que abrirá todas as portas, mas é também a chave que temos de procurar, pois a perdemos há muito tempo!
Os Irmãos e Mentores maiores nos ensinam como respirar no ritmo do ser que sofre, dessa forma podemos, pouco a pouco, identificarmos-nos com ele e, sem adquirir o seu mal, vive-lo interiormente, entende-lo.
Essa etapa é indispensável, pois vai permitir captar a fonte do mal, depois desviá-la para o nosso corpo de luz antes de transmutá-la com toda a força do nosso coração e da nossa vontade.
Ter compaixão não significa naufragar com o outro, mas amá-lo suficientemente para saber o que ele sente.
E compreender o que ele é sem julgá-lo; é sentir o que ele sente sem a emoção que o invade. Cada um de nós pode encontrar múltiplas definições para a palavra “compaixão”. Na verdade pouco importa sua definição, desde que se saiba durante alguns minutos ser Ele, esse outro eu que sofre e nos chama.
“Aquece o teu coração, faz brilhar as tuas mãos e não haverá nem dor que possa desenvolver a sua espiral, nem mal que continue a tecer a sua teia…”
A Transmutação
Diante da doença existe uma lei universal e que podemos sempre por em prática:
“Não se destrói o mal.”
É nossa alma que permite a sua existência por causa das suas próprias fraquezas; devemos, então, não aniquilá-lo ou afastá-lo, mas substituí-lo pela luz que, ao tomar o seu lugar, transmutará a sombra.
Essa noção deve estar sempre presente em nossas mentes e corações quando praticamos qualquer terapia, pois, ao utilizar o tipo de método aprendido, nosso estado de espírito assemelha-se àquele do alquimista que vai transformar o chumbo em ouro.
Nosso intuito não é destruir, arrancar, retirar o que quer que seja; operamos no amor e por amor, e é a luz que o compõe que deverá, pouco a pouco, substituir as zonas de sombra que deixamos instalarem-se em nós.
Pode acontecer de certos terapeutas, e mesmo certos doentes, odiarem o mal que carregam ou que pensam que devem combater. Trata-se de um erro grosseiro, mesmo que compreensível, humanamente falando.
Também neste caso é preciso impregnar-se das leis cósmicas que, invariavelmente, continuam sua trajetória para além de nossa compreensão.
Quanto mais enviarmos pensamentos de ódio, de cólera, de rancor a quem nos machuca, tanto mais reforçamos a ação dessa pessoa e enfraquecemos a nossa.
Lembrando o itinerário de viagem das formas-pensamento, fica mais fácil compreendermos como um pensamento de ódio ou inconformidade vai atrair para nós outros pensamentos dos mesmos tipos e nos embrutecer consideravelmente, obscurecendo por um momento a luz com que poderíamos nos reconstruir interiormente.
Além disso, essa forma-pensamento vai alimentar e entreter o mal contra o qual lutamos muitas vezes sem muita habilidade.
Atitude Exterior
“Boa vontade não basta…”
Difícil estabelecer uma separação entre atitude interior e atitude exterior.
As duas estão estritamente ligadas e se sustentam, mas é necessário abordar o lado mais técnico, ao menos para quem está começando. A técnica não é, na verdade, senão um suporte para alguma coisa que está além de nós e que aos poucos há de instalar-se em nós. Entretanto, vemos muito frequentemente pessoas animadas, de enorme boa vontade fazerem qualquer coisa a pretexto de ouvir o coração.
Somos feitos de diversos elementos físicos e sutis e não devemos negligenciar nenhum deles em proveito de outro.
Todo padrão mental, psíquico e físico está a nosso serviço, isso é uma lei da Natureza, consequentemente do Universo e nossa vontade como resposta do padrão segue essa mesma lei universal, portanto, utilizar a lei em benefício do próximo é uma atitude exterior que antes de ser colocada em prática, os seus sentimentos mais íntimos são previamente ativados, codificados e transformados em reações em relação a qual atitude terapêutica tomar junto ao cliente.
“De boas intenções o inferno está cheio”. Para tornar-se um bom terapeuta, somente boa vontade não basta!
Mesmo que todo o Amor do mundo esteja latente em você, é preciso ainda fazê-lo florescer e aceitar humildemente a aprendizagem necessária e os conhecimentos dos mundos sutis que impossibilitam virmos a transgredir certas leis sem sofrer ou provocar consequências.
Atualmente, os habitantes da Terra, em sua grande maioria, funcionam no nível do terceiro chakra. Isso significa que muitas vezes o nosso modo de amor é humano demais e perpassado de emotividade.
Esse amor, por mais válido que seja, não nos vai proporcionar o distanciamento necessário, a ponto de nos isentar de aprender, pois com ele ainda podemos ter a ideia, também latente, de “controle”.
Da mesma forma que um excelente pianista pode improvisar com sucesso, se quiser, porque antes estudou suas escalas, assim também cada terapeuta poderá ir além das técnicas para proclamar o que sente profundamente, desde que tenha algo a ultrapassar, isto é, desde que tenha, ele também, “estudado suas escalas”.
É sempre muito curioso ouvir pessoas que pensam que podem fazer ou dizer qualquer coisa a pretexto de alcançar planos mais sutis do que aqueles nos quais costumamos “trabalhar”.
Buscar o “sutil” não significa caminhar ao acaso, ou agir conforme o humor ou a disposição do momento. Temos em nós todas as capacidades e podemos despertá-las, mas quando negligenciamos essa consciência, estamos negligenciando a “neutralidade” em relação ao atendimento, agindo assim esquecemos da “compaixão”.
Certamente não aprendemos a desenvolver isso tudo da mesma forma que aprendemos matemática ou história.
As lições são sempre muito práticas e a vida se encarrega de colocá-las no nosso caminho até que tenhamos compreendido o que tínhamos para aprender… Mas trata-se sempre de um aprendizado e não podemos deixar de considera-lo; da mesma forma que, para aprender a ler e a escrever, precisaremos de um pouco de tempo e de perseverança, mesmo fazendo dessa atividade algo agradável, o que é o ideal.
Assim, procurar entender a arte da terapia, seja ela qual for, é procurar entender a arte da neutralidade absoluta, afastar ajuizamentos, idéias concebidas ou preconcebidas de certo ou errado, de bom ou ruim, de eu e você, precisamos entender definitivamente que não estamos aptos ao controle ou as ideias contraditórias.
Dificilmente entenderemos o porquê das nossas próprias situações de vida, menos ainda de quem estivermos atendendo.
Somos apenas canais de uma Inteligência Infinita. Para que estes canais estejam sempre limpos não devemos opinar ou imprimir nossa verdade ou pseudoconhecimento, mas antes, mostrar possibilidades.
As escolhas, dentro da lei do livre arbítrio, sempre caberão ao cliente e não ao terapeuta.
Paz Fraterna,
Cosminho
12:30h
30/07/08